É preciso diversificar para ganhar mais do que a inflação

Desde outubro de 2016, as sucessivas reuniões do comitê de política monetária (Copom) tem decidido pelo corte da taxa básica de juros. Como consequência, a diferença entre a taxa Selic e a expectativa de inflação para os próximos 12 meses está hoje no menor patamar dos últimos cinco anos.

Significa que a preocupação em manter a rentabilidade das aplicações acima da variação do índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a ser um desafio a ser enfrentado pelos investidores no Brasil. Isso é um fato raro desde a estabilidade monetária e a adoção do regime de metas de inflação pelo Banco Central.

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A última vez que os investidores tiveram uma dúvida mais séria sobre a possibilidade de que os retornos dos investimentos pudessem ser inferiores à variação do IPCA foi no primeiro trimestre de 2013. Era o período do auge da fracassada experiência que ficou conhecida como “nova matriz macroeconômica”.

Desta vez o cenário é diferente. Naquela época, a inflação estava consistentemente acima da meta, o governo tinha uma política explícita de desvalorização do real, a condução da política econômica estimulava déficits crescentes no orçamento para incentivar determinados setores com pouco critério ou transparência e o mercado internacional dava sinais de recuperação após a profunda recessão de 2008.

Aquele contexto favorecia a compra de dólares, a aplicação em ativos no exterior e a busca por títulos indexados ao IPCA.

Desta vez, apesar do déficit nas contas públicas continuar alto e da elevada taxa de desemprego, a política econômica tem-se mantido mais consistente. Em contrapartida, o cenário internacional parece muito mais frágil do que era.

Diversificar para tentar atingir retorno mais elevado nunca foi uma aflição para o investidor médio no Brasil. Isso porque os altos juros reais (acima da inflação) compensavam as eventuais ineficiências na alocação de recursos.

Na maioria das vezes, bastava comprar títulos do governo para conseguir ganhos confortáveis. O ambiente também permitia aos bancos e gestoras de recursos cobrar taxas e comissões generosas. Fundos DI ou planos de previdência com encargos superiores a 3% ao ano eram relativamente comuns.

A queda dos juros, a maior competitividade e o aumento do interesse dos clientes forçou o ajuste de preço de boa parte dos produtos financeiros oferecidos aos investidores.

Ainda assim, a forma mais segura de conseguir aumentar os ganhos dos investimentos é buscar produtos semelhantes com custo menor. A experiência sugere que, pesquisando as alternativas, é possível aumentar os ganhos anuais em cerca de meio ponto percentual.

É um bom incremento, mas nada muito significativo considerando que a Selic está em 6,50% ao ano e a expectativa é que encerre o ano em 6,25%. E pode cair ainda mais se o crescimento econômico não acelerar.

A conclusão é que a queda de rentabilidade não pode ser compensada apenas com a simples mudança de fundos de uma mesma categoria. Para ganhar mais na atual conjuntura é preciso diversificar.

Entretanto, o aumento da oscilação do preço dos ativos, especialmente nos mercados desenvolvidos, e as incertezas sobre o rumo da política econômica no Brasil tem causado incertezas. A melhor opção para o balanceamento da carteira não é totalmente clara.

Hoje no Brasil o investidor pode fazer a alocação dos ativos de diversas maneiras. Muitas delas são sofisticadas e fogem do padrão tradicional da recomendação do gerente da conta corrente.

É possível escolher produtos de uma plataforma de distribuição, investir em fundos multigestores administrados por um banco de varejo, comprar ativos sugeridos por serviços automatizados de diversificação de carteiras ou contar com uma assessoria independente que trabalhe com o padrão fiduciário.

Para cada caso existem pontos positivos e negativos. O importante é ter certeza de que os custos são compatíveis com a qualidade do serviço oferecido. Além disso é preciso ficar atento para a necessidade de algum tipo de reciprocidade ou o risco de potenciais conflitos de interesse.

No ambiente atual de redução da diferença entre juros e inflação, a definição clara de uma estratégia de investimento personalizada é fundamental para o sucesso das aplicações financeiras.

Formas de escolher entre diferentes tipos de investimento

Considere que, após fazer um teste para avaliar o seu perfil de investidor, você tenha a opção de aplicar em três carteiras com características diferentes: conservadora, moderada ou agressiva.

A carteira conservadora engloba títulos atrelados ao CDI, papéis prefixados e fundos multimercados. A moderada inclui, além das opções da carteira conservadora, ativos indexados à inflação e ações negociadas no Brasil. Já a carteira agressiva reúne, também, ações negociadas no mercado internacional.

A participação de cada modalidade de ativo no total varia conforme o perfil da carteira. Na conservadora o peso dos títulos atrelados ao CDI é equivalente a 85% do total do patrimônio. Na carteira agressiva, o percentual cai para apenas 10%.

Já a participação das ações negociadas no mercado local é inexistente na carteira conservadora, representa 5% na carteira moderada e sobe para 15% na agressiva. O peso de cada classe de ativo nas três carteiras está ilustrado no gráfico.

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Por trás dessa distribuição está a ideia de que quanto mais conservadora a carteira, mais previsível será a rentabilidade, se medida como um percentual da variação do Certificado de Depósitos Interfinanceiros (CDI).

Em contrapartida, quanto mais agressiva, mais distante será o retorno em relação ao CDI. Preferencialmente no território positivo, mas não há garantia de que isso vá acontecer.

No mercado financeiro brasileiro o CDI é considerado como sendo a taxa livre de risco. Significa que para ganhar mais do que o indicador é preciso arriscar.

Existem dois tipos de risco que o investidor pode assumir para tentar aumentar a rentabilidade dos investimentos. Um é chamado de risco de crédito e outro de risco de mercado.

O risco de crédito é ilustrado por uma opção comumente oferecida pelas corretoras. São os títulos emitidos pelos chamados bancos de segunda linha. Geralmente a modalidade tem a vantagem adicional de ter os rendimentos isentos do imposto de renda.

Para tornar as operações mais seguras e minimizar eventuais problemas de inadimplência, a recomendação é não ultrapassar o limite de garantia oferecido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Essa instituição é uma espécie de seguradora que garante depósitos bancários até o limite de R$ 250 mil, sob certas condições.

Ainda como opção, no mercado de capitais existem os títulos de empresas vendidos em ofertas públicas. Geralmente são papéis emitidos por empresas renomadas, comercializados respeitando os critérios da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e com classificação de risco atribuída por agências de “rating”.

No setor de gestão de recursos, a alternativa são os fundos DI com crédito privado. Os administradores das carteiras criam estruturas profissionais para escolher os títulos de emissores potencialmente mais rentáveis, respeitando critérios de segurança.

Em relação ao risco de mercado, as principais opções são os fundos multimercados, os títulos prefixados ou atrelados à inflação e os chamados ativos de renda variável, tais como ações negociadas em bolsa ou fundos de ações.

A diferenciação entre as composições das carteiras conservadora, moderada e agressiva possui uma lógica relacionada ao tamanho do risco de mercado assumido.

A participação de cada classe de ativo nas carteiras é estabelecida de acordo com três fatores: o grau de variabilidade da rentabilidade histórica, a expectativa de retorno para o futuro e a tendência de apresentarem comportamento similar ou oposto quando analisadas em conjunto. O objetivo é atingir a melhor combinação possível de acordo com o patamar de risco estabelecido.

É por essa razão que a carteira agressiva possui a maior participação em ativos de renda variável. E carteira moderada fica numa faixa intermediária.

Existe uma forma alternativa para montar uma carteira com maior risco de mercado. A estratégia é concentrar as aplicações em um ativo principal que seja o mais seguro possível e participar de uma série investimentos satélites extremamente mais arriscados com pesos aproximadamente iguais.

A imagem é a de um grande planeta rodeado por diversos satélites. Ou a de uma barra de levantamento de pesos: o peso de uma das pontas representa o investimento conservador e os pesos da outra ponta representam os ativos mais arriscados, sem nada no meio.

A despeito da forma escolhida para montar a carteira, é importante estabelecer um plano de investimento. E ter segurança de que as aplicações são compatíveis com as metas definidas.

A maneira ideal para diversificar as aplicações financeiras

O cenário de bolsa subindo com juros e dólar caindo é um forte incentivo para sair das tradicionais aplicações indexadas ao Certificado de Depósitos Interfinanceiros (CDI).

Bancos e corretoras tem sido ágeis em oferecer aos investidores opções para diversificar a carteira. Mas, muitas vezes, as ofertas são caras ou complexas.

Entre as diversas alternativas, as que mais têm chamado a atenção no momento são as aplicações em ações, títulos de renda fixa, fundos de investimento com estratégias agressivas e modalidades envolvendo os Certificados de Operações Estruturadas (COE).

Mas é preciso cautela para compreender os perigos envolvidos em cada opção. O simples aumento do risco da carteira não implica, necessariamente, maior rentabilidade.

Como regra geral, a diversificação das aplicações financeiras é positiva. Isso porque tem o potencial de proporcionar maior retorno e, ao mesmo tempo, diminuir a oscilação dos ganhos.

A ideia é que se determinado investimento tiver prejuízo num certo período, a rentabilidade dos demais ativos compensará aquela perda. Ao longo do tempo, a média do rendimento do conjunto das aplicações tenderá a ser favorável.

No entanto, para que estratégia funcione, é preciso evitar ativos cujas cotações subam e desçam todas ao mesmo tempo e com a mesma intensidade. No jargão de mercado, os ativos devem ter correlação baixa.

Suponha que você queira diversificar investindo em dois fundos de investimento multimercado que sigam, rigorosamente, o “kit Brasil”. Significa que ambos possuem partes da carteira comprada em títulos prefixados, vendida em dólar e aplicada em bolsa.

Como os dois fundos seguem a mesma política de investimento, não há diversificação. Se um fundo tiver prejuízo, o outro também registrará perdas.

Nesse caso hipotético é preferível concentrar a carteira, escolhendo somente um fundo. A diversificação produz apenas complexidade para o controle das operações.

Outra vantagem da diversificação é estabelecer alocações estratégicas, visando alcançar os objetivos de longo prazo. Um exemplo é a poupança para a aposentadoria.

É razoável manter parte dos investimentos destinados à aposentadoria em aplicações atreladas ao índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isso garante a manutenção do poder de compra no futuro.

Ao destinar parcela da poupança para títulos tais como as Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-B) o investidor garante que o capital será corrigido pela inflação mais uma determinada taxa de juros. É uma forma de tentar atingir a independência financeira de maneira mais segura.

A diversificação também é interessante para aproveitar oportunidades de curto prazo. No jargão, essa forma de investir é chamada de alocação tática.

Considere o cenário atual de queda de juros e alta da bolsa que vem ocorrendo a despeito de todos os problemas políticos e econômicos do país. Apesar das incertezas envolvendo conjecturas sobre o potencial de crescimento dos lucros das empresas e a sustentabilidade da queda dos juros, existe uma oportunidade de ganhos no curto prazo.

Para tentar lucrar nesse ambiente mais otimista, a recomendação é investir em títulos prefixados e em ações negociadas na Bovespa.

Nos últimos meses o retorno tem compensado os riscos. O gráfico ilustra a rentabilidade e a volatilidade dos principais indicadores de mercado nos últimos 12 meses.

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Além do CDI, estão destacados outros quatro indicadores. O IRF-M e o IMA-B são índices que medem o comportamento de uma carteira de títulos públicos prefixados e uma cesta de NTN-Bs, respectivamente. A variação do dólar em relação ao Real e o desempenho do Ibovespa também estão assinalados no gráfico.

O retorno é medido no eixo vertical e o risco no eixo horizontal. A leitura do gráfico indica que, no período analisado, os ativos mais arriscados tiveram rentabilidade mais elevada. A exceção foi o dólar.

Em termos práticos, o investidor possui duas maneiras de diversificar os investimentos: por meio de bancos ou de corretoras.

Nos bancos, a tendência é que o investidor encontre pacotes fechados, sem muita possibilidade de ajustes das alocações para atender necessidades específicas. Além disso, os custos das alternativas oferecidas tendem a ser mais elevados.

Nas corretoras, é possível montar uma carteira individualizada. Mas é preciso possuir conhecimentos sobre as operações para evitar armadilhas e prejuízos.

Dependendo do perfil do investidor, ambas as possibilidades são recomendáveis.

Composição da carteira, riscos e controle de custos

Existem três maneiras fundamentais para rentabilizar as aplicações: escolher a composição da carteira de modo eficaz, arriscar nos momentos certos e controlar os custos.

Os investidores de maior sucesso buscam pinçar as estratégias mais eficientes para cada alternativa. E cada vez mais podem contar com os gestores de recursos profissionais que se dedicam a elaborar instrumentos variados e empacotá-los com nomes chamativos. Produtos como “alfa portátil”, “beta esperto” e carteiras indexadas com baixo custo administrativo são alguns exemplos de estratégias que estão à disposição dos clientes. Foram lançados nos mercados desenvolvidos e, aos poucos, começam a crescer no Brasil.

Para entender o conceito, imagine um fundo de ações ideal que possua uma correlação perfeita com o índice Bovespa e consistentemente supere o indicador. A consequência é que o ganho desta carteira hipotética será sistematicamente maior do que a variação da própria bolsa, mas mantendo o mesmo nível de risco.

Para conseguir esse desempenho, o gestor do fundo teria que escolher sempre as ações mais rentáveis a cada intervalo de tempo. Nos períodos de alta da bolsa, a carteira seria composta pelos papéis que mais subiram. Nos momentos de baixa, pelos que menos caíram.

Ainda no campo teórico, é possível descrever matematicamente o comportamento deste fundo, separando o retorno em dois componentes. O primeiro é dado pelo multiplicador sobre a variação do Ibovespa. O segundo é um adicional inerente ao fundo, mas sem vínculo com o comportamento do mercado.

O primeiro parâmetro é chamado de “beta” e o segundo de “alfa”. O retorno da carteira em determinado período é igual ao beta multiplicado pelo retorno do índice Bovespa somado ao parâmetro alfa.

Se o beta da carteira for igual a 1, significa que o risco do fundo é igual ao risco da bolsa. Isso porque as oscilações da carteira e da bolsa são iguais. É o caso do exemplo hipotético.

Se o beta for maior do que 1, a explicação é que a carteira varia mais do que o mercado acionário. Como resultado, a aplicação é mais agressiva, com ganhos e quedas mais acentuados. Já se o beta for menor do que 1, esse fundo é conservador. Ele não acompanha os altos e baixos da bolsa de valores com a mesma intensidade.

O fundo ideal possui beta igual a 1 e alfa positivo. Significa que assumindo o mesmo risco de mercado o investidor consegue retorno acima do índice de referência.

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O alfa também pode ser negativo. Isso ocorre, por exemplo, se a taxa de administração do fundo é muito alta. Os fundos DI oferecidos pelos bancos de varejo são exemplos de carteiras com alfa negativo.

O fundo tem uma correlação perfeita com o parâmetro de referência, a variação do certificado de depósitos interfinanceiros (CDI). Mas rende consistentemente menos.

A estratégia “alfa portátil” foi criada com o objetivo de combinar as oportunidades da gestão ativa com o a maior previsibilidade dos fundos indexados a um determinado índice do mercado. A ideia básica é transportar para a carteira indexada o alfa obtido em outro mercado.

Considere um gestor extremamente eficaz em operações de renda fixa. Por meio da administração dos prazos de vencimento dos títulos e do risco de crédito dos papéis em carteira, esse gestor consegue ganhos consistentemente acima da taxa básica de juros. O gestor pode usar o mercado de derivativos com o objetivo de trocar a rentabilidade de seu fundo de renda fixa para o índice Bovespa, por exemplo. Na prática, a carteira de renda fixa é transformada em um fundo de ações.

No entanto, o ganho adicional obtido na renda fixa é mantido no fundo. Como resultado, o rendimento total da carteira é igual à variação do Ibovespa mais o ganho extra nas operações de renda fixa.

A estratégia “beta esperto”, por sua vez, envolve combinar as ações que compõem um índice de maneira mais eficiente. O argumento é que os indicadores que levam em conta a participação do valor de mercado da companhia na ponderação do índice tendem a dar peso maior às ações mais caras e pesos menores às ações mais baratas.

Existem formas de rearranjar os papéis, de modo a evitar a concentração nas ações com menor potencial de ganho (mais caras), mas mantendo mesmo nível de risco do índice original. No longo prazo, seria possível obter ganhos mais elevados, sem aumentar o risco demasiadamente.

A ideia comum das estratégias de investimento mais elaboradas é conciliar o retorno potencial adicional com o risco assumido. Se isso não for possível, o mais sensato para o investidor é reduzir o custo da gestão das aplicações, mantendo a diversificação. A compreensão precisa da estratégia adotada é uma tendência no Brasil e fundamental para o sucesso dos investimentos.

Modelos de alocação de ativos para controlar oscilações

A forma como o investidor escolhe repartir as aplicações entre as diversas modalidades de ativos é determinante para a rentabilidade final da carteira de investimentos.

Nos últimos 12 meses, por exemplo, ganhou mais quem aplicou nos títulos públicos indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com vencimento em até 5 anos. O IMA-B 5, indicador que mede o desempenho desses papéis, registrou rendimento de 16,83% entre junho de 2015 e maio de 2016.

Já a renda variável, de maneira geral, teve desempenho sofrível no mesmo período. Particularmente ruim foi a aposta no índice de materiais básicos da BM&FBovespa (IMAT), que engloba papéis como Vale, Klabin, Fibria e Gerdau. O indicador amargou queda de 16%.

Como é impossível prever com segurança o comportamento do preço dos ativos financeiros, a recomendação é diversificar os investimentos. E usar algum modelo de alocação de ativos como base para as decisões.

Por trás deste conselho, existem duas ideias básicas. A primeira é que durante um determinado intervalo de tempo, invariavelmente haverá um grupo de ativos que terá desvalorização, enquanto outro conjunto irá subir de preço.

Usando dados históricos, é possível calcular as modalidades de investimentos que tendem a se movimentar na mesma direção, aquelas que caminham em direções opostas e as que possuem trajetória independente. A forma de combinar os grupos definirá o grau de oscilação da rentabilidade total da carteira.

A segunda ideia é fundamentada na percepção de que ativos com maiores oscilações de preço tendem a apresentar retorno mais elevado no longo prazo. A explicação intuitiva é que nenhum investidor apostaria numa modalidade sujeita a muitos altos e baixos sem a perspectiva de ganhos mais polpudos no longo prazo.

Mas é preciso cautela. Não é o fato de um ativo variar muito que o torna mais rentável. Algumas vezes, a oscilação em excesso significa apenas maior risco.

Considere o comportamento da cotação das ações de uma companhia qualquer sólida e lucrativa. Em alguns momentos, devido às baixas causadas pelos ciclos econômicos, o valor da empresa pode ficar substancialmente inferior ao montante considerado justo.

Outras vezes, geralmente nos períodos de euforia, as ações podem experimentar valorizações expressivas. Todavia, caso a companhia continue desenvolvendo os negócios, a tendência é que proporcione bons lucros aos acionistas, a despeito das oscilações de curto prazo.

Situação diferente pode ocorrer com ações ou fundos de investimentos considerados “quentes”. A variação excessiva, nesses casos, é um indicador de que tratam-se de investimentos especulativos. Dependendo do tamanho do tombo, a recuperação fica inviável e a melhor estratégia é evitar a aplicação.

Decorre das duas ideias descritas anteriormente que, do ponto de vista teórico, existe sempre uma combinação ideal de ativos, calculada matematicamente, que potencializa ao máximo o retorno esperado, dado o nível de risco que se queira correr.

O problema é que essas alocações perfeitas são sempre definidas com base nos dados históricos. E nada garante que o futuro irá repetir o passado.

A solução pragmática é adotar um modelo que tenha como origem uma carteira de mercado. Significa, por exemplo, usar como base na renda fixa a ponderação dos títulos públicos em poder de todos os investidores.

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Assim, determinados percentuais da carteira serão investidos em papéis atrelados à taxa Selic ou à variação do certificado de depósitos interfinanceiros (CDI), em títulos prefixados e indexados ao IPCA. Uma parcela pode ser direcionada para crédito privado, ou seja, papéis emitidos por empresas ou instituições financeiras.

Na renda variável, a solução para diversificar a carteira de ações é usar a ponderação definida por um índice, tal como o Ibovespa ou o MSCI. Fundos imobiliários e aplicações vinculadas à taxa de câmbio também podem fazer parte dessa parcela.

Os fundos multimercados são, em muitos casos, substitutos para as alocações em títulos prefixados ou indexados a IPCA, para os investimentos em bolsa e atrelados à taxa de câmbio.

O desafio do investidor passa a ser o de definir o peso da carteira a ser atribuído cada grupo de ativos. E a frequência ideal para fazer os reajustes.