Em março de 2012, Greg Smith pediu demissão em grande estilo, ao publicar o artigo “Por que estou saindo do Goldman Sachs” no jornal “The New York Times”. A façanha rendeu enorme publicidade e Smith decidiu detalhar sua trajetória no mercado financeiro. Escreveu “Por que saí do Goldman Sachs – uma história de Wall Street”, lançado recentemente no Brasil.
O objetivo inicial de Smith era mostrar como o banco de investimentos ícone do mercado de capitais mundial foi capaz de mudar radicalmente a cultura centenária no curto espaço de 12 anos. Nesse período, coincidentemente, o autor começou sua carreira como estágiário no escritório de Nova York e atingiu o ápice com a promoção para liderar uma equipe de vendas de operações estruturadas com derivativos para clientes europeus, a partir de Londres.
Apesar de falhar na tarefa pretendida, Smith conseguiu escrever um guia para aspirantes que pretendem seguir carreira nos mais renomados bancos de investimento do mundo. Trabalho duro e auto-estima elevada são ingredientes essenciais para garantir retiradas anuais de pelo menos 500 mil dólares.
Além disso, é preciso certa habilidade política e uma boa dose de auto-engano para acreditar que o trabalho de preencher boletas e executar ordens de compra e venda de ações está sendo mal remunerado. Ambição e desenvoltura para reclamar dos bônus, qualquer que sejam os valores, é uma característica essencial para avançar na carreira.
O livro de Smith acaba sendo um guia atualizado do universo dos bancos de investimento, muitas vezes cruel e individualista. E onde o que conta é o quanto você produz e consegue levar para casa. É uma leitura reveladora.