Modelos de alocação de ativos para controlar oscilações

A forma como o investidor escolhe repartir as aplicações entre as diversas modalidades de ativos é determinante para a rentabilidade final da carteira de investimentos.

Nos últimos 12 meses, por exemplo, ganhou mais quem aplicou nos títulos públicos indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com vencimento em até 5 anos. O IMA-B 5, indicador que mede o desempenho desses papéis, registrou rendimento de 16,83% entre junho de 2015 e maio de 2016.

Já a renda variável, de maneira geral, teve desempenho sofrível no mesmo período. Particularmente ruim foi a aposta no índice de materiais básicos da BM&FBovespa (IMAT), que engloba papéis como Vale, Klabin, Fibria e Gerdau. O indicador amargou queda de 16%.

Como é impossível prever com segurança o comportamento do preço dos ativos financeiros, a recomendação é diversificar os investimentos. E usar algum modelo de alocação de ativos como base para as decisões.

Por trás deste conselho, existem duas ideias básicas. A primeira é que durante um determinado intervalo de tempo, invariavelmente haverá um grupo de ativos que terá desvalorização, enquanto outro conjunto irá subir de preço.

Usando dados históricos, é possível calcular as modalidades de investimentos que tendem a se movimentar na mesma direção, aquelas que caminham em direções opostas e as que possuem trajetória independente. A forma de combinar os grupos definirá o grau de oscilação da rentabilidade total da carteira.

A segunda ideia é fundamentada na percepção de que ativos com maiores oscilações de preço tendem a apresentar retorno mais elevado no longo prazo. A explicação intuitiva é que nenhum investidor apostaria numa modalidade sujeita a muitos altos e baixos sem a perspectiva de ganhos mais polpudos no longo prazo.

Mas é preciso cautela. Não é o fato de um ativo variar muito que o torna mais rentável. Algumas vezes, a oscilação em excesso significa apenas maior risco.

Considere o comportamento da cotação das ações de uma companhia qualquer sólida e lucrativa. Em alguns momentos, devido às baixas causadas pelos ciclos econômicos, o valor da empresa pode ficar substancialmente inferior ao montante considerado justo.

Outras vezes, geralmente nos períodos de euforia, as ações podem experimentar valorizações expressivas. Todavia, caso a companhia continue desenvolvendo os negócios, a tendência é que proporcione bons lucros aos acionistas, a despeito das oscilações de curto prazo.

Situação diferente pode ocorrer com ações ou fundos de investimentos considerados “quentes”. A variação excessiva, nesses casos, é um indicador de que tratam-se de investimentos especulativos. Dependendo do tamanho do tombo, a recuperação fica inviável e a melhor estratégia é evitar a aplicação.

Decorre das duas ideias descritas anteriormente que, do ponto de vista teórico, existe sempre uma combinação ideal de ativos, calculada matematicamente, que potencializa ao máximo o retorno esperado, dado o nível de risco que se queira correr.

O problema é que essas alocações perfeitas são sempre definidas com base nos dados históricos. E nada garante que o futuro irá repetir o passado.

A solução pragmática é adotar um modelo que tenha como origem uma carteira de mercado. Significa, por exemplo, usar como base na renda fixa a ponderação dos títulos públicos em poder de todos os investidores.

ModeloAlocacao

Assim, determinados percentuais da carteira serão investidos em papéis atrelados à taxa Selic ou à variação do certificado de depósitos interfinanceiros (CDI), em títulos prefixados e indexados ao IPCA. Uma parcela pode ser direcionada para crédito privado, ou seja, papéis emitidos por empresas ou instituições financeiras.

Na renda variável, a solução para diversificar a carteira de ações é usar a ponderação definida por um índice, tal como o Ibovespa ou o MSCI. Fundos imobiliários e aplicações vinculadas à taxa de câmbio também podem fazer parte dessa parcela.

Os fundos multimercados são, em muitos casos, substitutos para as alocações em títulos prefixados ou indexados a IPCA, para os investimentos em bolsa e atrelados à taxa de câmbio.

O desafio do investidor passa a ser o de definir o peso da carteira a ser atribuído cada grupo de ativos. E a frequência ideal para fazer os reajustes.