Renda fixa pode oscilar como a bolsa

De janeiro a julho deste ano, a inflação oficial medida pelo IPCA chegou a 3,2%. Em termos anualizados, foi equivalente a 5,5% ao ano, um ponto percentual acima do centro da meta. No mesmo período, quem buscou proteção apostando nas NTN-Bs, papéis de longo prazo indexados ao IPCA e disponíveis no Tesouro Direto, o sistema de negociação de títulos públicos pela internet, viu o valor da aplicação diminuir em até 18%, dependendo do vencimento do papel. O Ibovespa, o principal índice para a bolsa, caiu 21%.

A perda com as aplicações em NTN-Bs em patamar semelhante à observada na renda variável, após sete meses do investimento inicial, não era o desfecho esperado pelos investidores. Principalmente em um ambiente que combinava inflação com tendência de alta e queda de juros reais.

Em vez de proporcionar refúgio contra os efeitos do aumento dos preços e eventuais ganhos devido à melhora do ambiente econômico, o investimento em NTN-Bs gerou prejuízos desconcertantes. O mau desempenho dos títulos também afetou a rentabilidade das aplicações em fundos de investimento e planos de previdência.

Como são obrigados a reconhecer o valor dos ativos pelos respectivos preços de mercado, o retorno de muitos fundos acabou sendo sofrível. Diversas carteiras tiveram rendimento inferior à tradicional caderneta de poupança.

A reversão do excesso de otimismo com os rumos da economia brasileira, que apontava para um patamar de juros reais de longo prazo mais baixo, e a possibilidade de mudanças na forma de condução da política monetária do Fed explicam o mau desempenho das NTN-Bs no período.

Durante anos, a contrapartida para a estabilidade dos preços no Brasil foi a política de juros nominais excessivamente elevados. Desde 31 de agosto de 2011, no entanto, o Banco Central (BC) passou a reduzir constantemente a taxa Selic. Após um surpreendente corte de meio ponto, o juro foi sendo diminuído gradativamente até o patamar mínimo de 7,25% ao ano.

Mesmo com a inflação consistentemente acima do centro da meta, o discurso das autoridades econômicas apontava para uma nova matriz macroeconômica, na qual os juros reais seriam mais baixos. Isso estimulou o alongamento do prazo das aplicações financeiras de renda fixa pelos investidores, especialmente as NTN-Bs, que ofereciam juros atrativos.

A partir do segundo trimestre deste ano, no entanto, a perspectiva mudou e o BC voltou a adotar a tradicional política de aumento dos juros para combater inflação. Como consequência, os juros das NTN-Bs voltaram a subir, e os papéis tiveram desvalorização. Nos títulos de renda fixa, aumento de taxas implica redução do valor de mercado do papel, causando prejuízos imediatos para os detentores da aplicação.

No âmbito externo, a possibilidade de o Fed reduzir o programa de recompra mensal de títulos, que foi adotado para estimular a retomada da economia americana, teve como efeito aumento de juros em todo o mundo. Com menor demanda, o preço dos papéis caiu e a taxa de retorno aumentou. As NTN-Bs no Brasil também sofreram o impacto com as especulações sobre a decisão do Fed.

O ponto principal para os investidores em títulos do Tesouro é incorporar a noção de que papéis de longo prazo, mesmo com rendimento indexado à inflação, podem apresentar fortes oscilações. É preciso definir com clareza o objetivo do investimento e estar preparado para a volatilidade. E, eventualmente, aproveitar as oportunidades de compra e venda que podem aparecer no curto prazo.

Nova turbulência, velhos efeitos

Em 2002, uma perda de R$ 2,9 bilhões provocada pelo ajuste do valor de mercado dos títulos públicos detidos pelos fundos de investimento conservadores detonou uma onda de pânico entre os cotistas. O resultado foi o saque generalizado das aplicações de varejo, que acumularam resgates R$ 61 bilhões no fim daquele ano.

No último trimestre de 2008, em meio aos efeitos da crise financeira mundial, houve desvalorização de R$ 26,7 bilhões no estoque de títulos públicos de renda fixa negociados no mercado. Na época, o Tesouro Nacional foi obrigado a intervir para estabilizar as cotações.

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Proteção contra a inflação

Preservar o poder de compra das aplicações passou a ser um problema para os investidores. No mercado financeiro de hoje, não existem mais as tradicionais opções do passado, que garantiam correção automática dos investimentos de acordo com a variação dos índices de preço.

Atualmente as aplicações indexadas à inflação envolvem a necessidade de administração de uma série de riscos. Se forem mal avaliados, podem eliminar os ganhos do investimento. Saber identificar os perigos das alternativas e antecipar os efeitos colaterais em diversos cenários é fundamental para evitar perdas.

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Tesouro Direto: NTN-B, LTN ou LFT?

No Tesouro Direto você pode escolher entre investir na NTN-B (indexada à inflação), na LTN (prefixada) ou na LFT (pós-fixada, indexada à taxa Selic). A melhor opção de investimento depende do seu objetivo, por mais decepcionante que seja para você ouvir essa recomendação.

Nos últimos cinco anos e meio, a melhor rentabilidade foi da NTN-B, seguida pela LTN e, por último, pela LFT. Em termos de risco, o papel que teve rendimentos mais previsíveis foi a LFT, seguido da LTN e, por último, pela NTN-B.

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