No espaço de pouco mais de uma semana, o Valor publicou, com destaque, três matérias explicando as razões para o Banco Central (BC) adotar diferentes estratégias para a taxa Selic.
Inicialmente, Cristiano Romero analisou o motivos que justificariam o corte dos juros. Depois, Claudia Safatle elencou os fatores que fundamentariam a alta. Finalmente, Alex Ribeiro, relatando entrevista com o diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central Luiz Awazu, mostrou os argumentos para manter a Selic estável. Há tempo não se viam opiniões tão contraditórias.
A atual diretoria do BC possui um estilo que, no jargão dos administradores de recursos, poderia ser identificada como “gestão ativa”. O padrão é alterar frequentemente a taxa básica a cada reunião do Comitê de Política Monetária.
Também tem a reputação de não esperar a formação de consensos para tomar as decisões. A consequência é a surpresa com algumas deliberações, o que gera acalorados debates, além de lucros e prejuízos nas posições dos investidores mais agressivos.
O BC tem usado a flexibilidade do regime de metas de inflação a seu favor. Na gestão atual, nunca o IPCA acumulado no período móvel de 12 meses consecutivos foi igual ou menor do que 4,5%, o centro da meta.
Em contrapartida, nos anos de 2011, 2012 e 2013 a inflação fechou abaixo do teto anual estabelecido pelo governo, de 6,5%. E, ao que tudo indica, isso voltará a ocorrer em 2014.
Para o investidor em papéis de renda fixa, o cenário tem sido desafiador. Os títulos de longo prazo têm tido forte oscilação de rendimentos.
Como a aplicação em ativos prefixados envolve riscos, o ideal é que as taxas tenham alguma margem em relação à Selic. É o que tem acontecido desde que o BC começou a elevar os juros, conforme mostra o gráfico abaixo.
A perspectiva de que o BC poderia reduzir a Selic mais cedo do que era originalmente estimado provocou efeitos. Na última semana houve reviravolta na tendência dos juros prefixados.
Depois de atingir a cotação mínima de 11,16% ao ano no dia 23 de julho, a taxa da Letra do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em janeiro de 2017, por exemplo, voltou a subir. Agora, com a possibilidade de a Selic ficar estável, a tendência é de mais oscilações no curto prazo.
Esse clima de incertezas pode proporcionar boas oportunidades, apesar dos riscos. O ideal é que o investidor permaneça atento às constantes mudanças de cenário e defina uma estratégia para guiar suas ações.
Prezado Senhor,
Li um interessante artigo seu no Valor online datado de 27/07/12 e intitulado ” Cuidado ao trocar fundo DI por Plano de Previdência” (o que concordo!),mas fiquei com uma dúvida: na simulação, o Sr., depois de aferir corretamente um ganho em VGBL de “aproximadamente R$ 40 mil no fim de cinco anos”, sendo estes “os únicos rendimentos tributáveis do investidor”, encontra uma alíquota efetiva do IR de 7,4% sobre os rendimentos “de acordo com a tabela da Receita Federal” de modo que o ganho cai para R$ 35.252.
Ora, salvo engano, se o ganho líquido foi de R$ 35.252, isto significa uma alíquota efetiva de 11,9% (4.748/40.000) e não 7,4%. Mais: no site da SRF, para o exercício 2011/12 (ano do artigo), a faixa de rendimento de R$ 40 mil está na alíquota de 22,5% com dedução de R$ 6.340.
Se não fosse incomodo, agradeceria muitíssimo se o Sr. respondesse a esta dúvida que tem em mira certificar-me de fato se o VGBL é de fato uma boa alternativa de investimento e em que prazo isto ocorre.
Cordialmente,
Lauro Faria
Lauro, obrigado pela atenção.
No post as contas não estão explícitas. Mas imagine que a aplicação no fundo de investimento tenha rendimento líquido de R$ 134.749 no fim de cinco anos. E que o valor acumulado no plano de previdência depois de cinco anos seja de R$ 138.069.
Se a alíquota efetiva (anual) do IR for de 7,40%, o rendimento líquido do VGBL será de R$ 135.252 (R$ 100 mil + R$ 38.069 – 7,40% x R$ 38.069). O VGBL ganha do fundo.
Para o caso de uma aplicação de R$ 500 mil, o rendimento líquido do fundo de investimento será de R$ 673.744. O rendimento bruto do VGBL será de R$ 701.355. O valor tributável será de R$ 201.355.
A premissa é que o resgate é feito integralmente no quinto ano. Se a alíquota efetiva (anual) for de 23,40%, o rendimento líquido no plano de previdência será de R$ 654.238 (R$ 500 mil + R$ 201.355 – 22,40% x R$ 201.355). O fundo é melhor.
Para uma simulação das alíquotas anuais que estão em vigor hoje, consulte o site da Receita.
http://www26.receita.fazenda.gov.br/irpfsimulaliq/private/pages/simuladoraliquota.jsf
Prezado Marcelo,
Muito obrigado pela pronta resposta!
Cordialmente,
Lauro