A recuperação dos preços do petróleo e das commodities agrícolas no mercado internacional parece indicar que a economia global continuará aquecida no ano que vem, mesmo com a possibilidade, cada vez mais concreta, de aumento dos juros nos Estados Unidos.
E a Selic ainda alta no Brasil em comparação com os juros praticados no exterior sugere a perspectiva de que recursos externos continuem entrando no país. Essa combinação de fatores tende a pressionar para baixo a cotação do real em relação ao dólar em 2018.
A aposta na valorização do real é um dos três componentes do chamado “kit Brasil”. Os demais são posições visando tirar proveito da alta da bolsa e da queda dos juros de longo prazo.
Hoje é quase consenso que a possibilidade de valorização do Ibovespa e redução ainda mais acentuada dos juros irá depender do resultado das eleições de 2018. E, por consequência, das escolhas sobre o ritmo de condução das reformas que o país irá executar.
O problema é que o grau de incerteza do cenário eleitoral hoje é muito grande. Por exemplo, o próximo evento relevante será o julgamento, marcado para janeiro de 2018, que poderá confirmar, ou não, a condenação do ex presidente Lula e a subsequente decisão de seguir ou abandonar a disputa.
Como não existe nem mesmo uma concordância de quais são os candidatos competitivos, fica impraticável identificar as plataformas e programas de governo que poderiam consolidar a ainda tímida recuperação econômica. Nesse ambiente, a tradicional aposta no “kit Brasil” parece excessivamente arriscada.
Isso porque, apesar das boas chances de valorização do real em relação ao dólar, a alta da bolsa e a queda mais acentuada dos juros se mostram muito atreladas aos desdobramentos da corrida eleitoral. Em 2018, uma alternativa de investimento que pode ganhar força para os investidores com acesso aos produtos oferecidos no segmento de alta renda dos bancos e das plataformas de distribuição são os fundos internacionais com proteção cambial.
Tratam-se de carteiras que possuem como política de investimento específica a aplicação dos recursos captados em outros fundos negociados no exterior. Estes, por sua vez, têm por objetivo comprar ativos negociados no mercado global.
Os fundos internacionais podem ser compostos por ativos de renda fixa (bonds), renda variável (ações) ou uma combinação de ambos (multiestratégia). As carteiras podem ser amplas ou restritas a ativos de determinados países, regiões, categoria de emissores ou moedas.
Para cada tipo de carteira existe um parâmetro de referência específico. Por exemplo, se o fundo de renda fixa operar no mercado americano, o índice de referência pode ser o Bloomberg Barclays Aggregate Bond TR USD.
Já se for um fundo de ações global, denominado em dólares mas sem as empresas que são negociadas no mercado americano, o índice de referência pode ser o MSCI All Countries World Index ex USA.
Uma característica importante que o investidor brasileiro precisa ficar atento ao escolher um fundo internacional é que existem milhares de índices de referência calculados por dezenas de provedores diferentes à disposição dos gestores. Geralmente o parâmetro escolhido pelo administrador do fundo é indicado no prospecto e nos demais materiais de divulgação.
A despeito da estratégia de investimento estabelecida, para o investidor brasileiro existe o risco da valorização cambial que, dado o cenário para o próximo ano, é alto. Para medir o impacto da valorização do real, considere no ano de 2016 em que o S&P 500 teve valorização de 11,96%. Entretanto o dólar caiu 16,54% em relação ao real, o que teria eliminado os ganhos para o investidor local com aplicação no fundo internacional.
Para solucionar esse problema, as gestoras internacionais passaram a oferecer os fundos no exterior atrelados à uma proteção cambial. Significa que, na prática, o ganho do investidor brasileiro é a variação do certificado de depósito interfinanceiro (CDI) mais a variação do fundo internacional menos o custo da proteção.
Com o objetivo de baratear o custo da proteção e deixar o fundo internacional mais atraente, a operação de proteção é feita no exterior. Nessa estrutura, é como se o investidor brasileiro estivesse fazendo o investimento internacional com um empréstimo. O ganho final da aplicação é a diferença entre o rendimento da carteira internacional menos a taxa “Libor” mais o “spread” de proteção. Isso tudo somado à variação do CDI.
Beleza de artigo.
Heloisa
Nào estou de acordo. Pra mim o dolar è de alta e vai fechar 2018 entre 3,55/3,75 R$. Sào 4 anos que acerto o valor do dolar no final de cada ano. Os EUA vai aumentar 3 vez os juros no 2018.
O dólar subirá a R$ 3,75 ao término de 2018, e a expectativa de depreciação cambial é um forte argumento para os investidores não aumentarem a exposição à renda fixa brasileira em moeda local neste momento. A avaliação mais cautelosa é de Heinz Rüttimann, estrategista de mercados emergentes do banco suíço Julius Baer. A previsão para a moeda americana embute alta de 13% ante o fechamento de 2017 (R$ 3,3135). Elevações de juros nos EUA combinadas com maior incerteza no campo político e consequentemente fiscal no plano doméstico devem pressionar a taxa de câmbio ao longo deste ano. “Hoje, não sentimos que é o momento de adicionar, de forma agressiva, exposição ao Brasil. O risco não mais vale o retorno”, alerta.
Valor: Qual sua estimativa para o dólar/real ao fim de 2018? Rüttimann: O dólar deve fechar o ano em R$ 3,75. Essa alta vai ser provocada, primeiro, pelo aperto da política monetária americana. E, em segundo lugar, pela perspectiva fiscal para o Brasil, uma vez que o perfil de dívida do país continua a se deteriorar, apesar da queda substancial do prêmio de risco soberano. A dívida pública deve alcançar 92% do PIB num período de dois anos. Como cortes de impostos não são possíveis agora, cabe em grande parte ao BC estimular a economia. E isso pode ser alcançado via depreciação cambial.
Nossa estimativa para o Ibovespa em dólar num período de 12 meses é de 23.700 pontos – o equivalente a uma alta de quase 3%. No próximo ciclo de liquidação, as ações e o câmbio do Brasil devem sofrer um “sell-off” [venda maciça] a despeito da recuperação da economia doméstica.
Evidentemente a dívida interna vai levar o País a insolvência ou a um aumento muito grande de impostos.
E com isso vamos voltar a inflações elevadas, maiores ainda que no tempo da Dilma. E dependendo do tamanho voltamos a deficits externos.
O Brasil não está dividido em poderes e sim mais parecem Milícias que funcionam para se servir do País.
Não venham com a conversa fiada de que as instituições são sólidas que não são. São grupos com seus interesses definidos e dane-se o País.
Por isso essa quantidade de roubos absurdos a caminhões de produtos a dinamite nas agências bancárias, assaltos e latrocínios.
Já estamos numa guerra civil não declarada.
A trégua do mercado vai acabar abruptamente. não há razão para pensar diferente.
Nada funciona neste país corretamente. mal preparado para epidemias, serviços públicos da pior qualidade, deixando a populalção mais pobre, pagando quase toda a conta.
Muito boa sua análise. Impressionante. Apesar da enfase no mercado de investimentos, deu uma “luz” em relação a troca de reais por euros, entender o mercado futuro p saber da urgência ou não de fazer esse tipo de transação.