Um mau conselho de investimento

O jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, se indignou com a análise do Banco Santander, distribuída para os clientes de alta renda da instituição, relacionando a alta da presidente Dilma nas pesquisas de intenção de voto com a queda na cotação das ações negociadas em bolsa.

Mas, em vez de simplesmente buscar outras fontes para conseguir recomendações mais embasadas para seus investimentos, sugeriu, na sua coluna no jornal, que o governo impusesse normas mais rígidas ao mercado financeiro.

Talvez o sentimento de decepção do jornalista justifique o clamor pela intervenção estatal. É sempre desapontador constatar que o aconselhamento oferecido pelas instituições financeiras que temos conta pode não estar alinhado com os interesses dos clientes.

No entanto, neste caso, mais normas não resolvem o problema. O mais eficaz é que o aplicador avalie criticamente as propostas dos especialistas. E, sempre que possível, busque outras opiniões.

O histórico de recomendações de investimento ruins em períodos eleitorais é grande. O recorde negativo, talvez, seja a indicação para investir no exterior nas vésperas das eleições de 2002, que elegeu o presidente Lula.

Um movimento especulativo levou o dólar ultrapassar a barreira de R$ 3,50. Depois disso, a cotação nunca mais se recuperou, conforme indica o gráfico.

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Assim como o sobe e desce das cotações, a opinião das instituições financeiras muda. Recentemente, o Brasil deixou o grupo dos países chamados de “os cinco frágeis” para entrar no time do “quarteto fantástico”.

Isso faz parte do jogo e nenhum investidor deve ficar surpreso com esse comportamento. O importante é ter uma estratégia de investimento para aproveitar as oscilações de curto prazo. Muitas vezes podem surgir oportunidades rentáveis.

Agora, justiça seja feita. Análises e recomendações ruins não são exclusividade das instituições financeiras. Analistas e empresas independentes também podem exagerar na emoção e cometer erros.

14 pensamentos sobre “Um mau conselho de investimento

  1. “Recentemente, o Brasil deixou o grupo dos países chamados de “os cinco frágeis” para entrar no time do “quarteto fantástico”. Em qual base é feita esta afirmação? Tenho sentimento bem pessimista e a previsão é de piora. Talvez eu não esteja vendo algum indicador que o senhor veja.

    • De 31/01/2014 até hoje o Real valorizou 8% em relação ao dólar. Foi uma das maiores valorizações do mundo, o que, somado às taxas de juros locais, proporcionou ganhos fantásticos para os investidores. O ponto é que a percepção do mercado financeiro em relação às oportunidades no Brasil pode mudar rapidamente.

    • Pois é. Também queria saber COMO QUE O BRASIL SAIU DO GRUPO de “Os Cinco Frágeis”. Amigo, já estou vendo aqui que o seu blog não é muito bom. Uma pessoa que sabe o mínimo de Economia sabe que o país vai MUITO MAL (cenário de “estagflação”, baixo crescimento e inflação elevada), e você vêm dizer que a economia do Brasil é Fantástica? Qual país você vive? Por que não é no Brasil que você mora. Vou te dizer o que é realmente “Um Mau conselho de Investimento”, este seria dizer que NÃO HÁ correlação entre as pesquisas de intenção de voto e as cotações de empresas Brasileiras, quem acompanha o mercado diariamente FACILMENTE consegue fazer essa constatação. Vá estudar um pouco mais antes de ficar falando dos erros dos outros, sua opinião e seus argumentos são fracos e sem nenhuma base.

  2. Apreciaçào de real foi um grande erro. E’ preciso agir para garantir que a inflação convirja, gradualmente, para a meta. Uma das razões é que que a inflaçào continua a subir, o câmbio não poderá ser mantido no nível atual, de R$ 2,20, por muito mais tempo. O câmbio está fora do lugar e, se o BC não permitir que a cotação volte a flutuar livremente, o ajuste pode ocorrer de forma abrupta. “O câmbio sempre volta para o lugar”, No fim de 2014 o dolar subira atè R$ 2,40 . Com apreciaçào do real as empresas ja com dificultade no exportar, seraò sempre com mais dificultade. Basta oservar o Euro que estava no patamar de 1,39/dolar, agora esta perto de 1,33. Zona euro trabalham muito bem. con desvalorizaçào do euro, agora zona euro exportam muito mais que antes. Mesma coisa fiz U.S. que com dolar depreciado e con trillhoni di divida de debito, depois de 4 anos, o debito fica azerado. O Brasil esta diverso? Nào aprende nada. BC trabalha muito mau

    • Foi um grande erro, mas ao menos segurou a inflação. O ponto é que não basta a presidente Dilma perder a eleição para a situação brasileira melhorar.
      Por isso eu acho ruim essa relação entre pesquisa e bolsa. Ajuda os negócios e pode gerar ganhos no curto prazo, mas apenas isso. Não rende uma tese de investimento consistente.

  3. Desculpe, sou leitor e gosto do blog, mas a tese Dilma-Bolsa é óbvia: pegue as ações de bancos (BB e privados), Petro, Eletro, Vale e Ambev e veremos que a Dilma fez intervenções em tudo, de modo a diminuir o valor das ações. Não estamos falando em programas políticos de desconhecidos: temos a atual presidente e o candidato da oposição, longe de ser incógnita, já tem inclusive equipe econômica definida (também longe de ser incógnita).

    Quem nega isso como tese de investimento subestima a inteligência do cliente, o no seu caso, a do leitor.

    • A tese Dilma-Bolsa simplifica exageradamente os diversos fatores que podem influenciar o preço das ações. Que o governo cometeu erros de política econômica é inegável. Mas daí a concluir que a possibilidade de derrota eleitoral da atual presidente irá desencadear um cenário favorável que poderá resolver todos os problemas da Petrobras ou do setor elétrico ou dos bancos, não me convence.

      É um ambiente bom para especular no curto prazo. Mas não acho que uma posição de investimento deveria ser montada a partir dessa tese. Por que, por exemplo, um novo governo não pode ser pior do que o atual? Ou, será que é essa equipe econômica difundida que vai mesmo até o fim?

  4. Sua tese confere, em termos de politica economica, ao candidato da oposição o mesmo nível de incerteza que existe num eventual segundo mandato. Ok, mas quem diz o contrário tem uma tese mais razoável, considerando o que os mesmos fizeram no passado, alem de entrevistas e opiniões veiculadas neste jornal.
    A tese Bolsa-Dilma nao simplifica: apenas é uma variavel tao importante que afeta todos os fundamentos de varias das empresas mais importantes da Bolsa. A saber: ambiente legal e regulátório, precos, governança corporativa, impostos e crédito. Além do ambiente macro.
    Obrigado pela resposta e pelo debate democrático.

  5. Não tenho formação na área econômica, mas acompanho sempre para resguardar meus investimentos. Como um investidor pequeno, percebo que existe essa relação Dilma-bolsa, todavia mesmo ela não sendo reeleita o próximo grupo econômico certamente terá problemas para colocar a economia nos eixos.

  6. Estrategicamente foi ruim para o banco espanhol pelo seu perfil de Brasil, porém retratou a pura realidade e nem precisa ser economista para desenvolver a percepção de que o pais esta sem rumo economicamente e politicamente. Certamente a ideologia política do jornalista não deixa-o cair na real….

  7. Ora, ora, ora. Todos nós sabemos que os Bancos sempre tiveram privilégios de uns anos para cá, e sou do tempo que c/c rendia juros, hoje pagamos, e não é pouco, para se ter uma conta bancária, por este princípio, prefiro fechar os olhos para o sistema financeiro e me concentrar somente na questão política. É correto um Banco multinacional tocar terror para não se votar na
    Dilma????

    • Não, não é. Mas justiça seja feita: o banco não tocou terror. Na minha opinião, apenas foi superficial na análise.

      Do ponto de vista de marketing, o tom do relatório é até compreensível. As pesquisas mostram que a popularidade da presidente Dilma diminui de acordo com o aumento da faixa de renda do eleitor. Então, qualquer análise com viés contrário ao governo tem mais chance de agradar a maior parte dos clientes de alta renda do banco.

      Agora, do jeito que estão as coisas, tenho dúvidas se é correto qualquer banco dar opinião sobre alguma coisa…

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