A presidente Dilma Rousseff já esclareceu que não muda as leis trabalhistas nem que a vaca tussa e que o Banco Central independente significa menos comida na mesa do trabalhador.
Para completar a análise dos assuntos econômicos mais recorrentemente discutidos, o próximo passo é explicar a razão para o Brasil praticar juros tão elevados, principalmente nos empréstimos livres para pessoas físicas e jurídicas.
A tabela abaixo relaciona a inflação anual e as taxas de juros de curto prazo para um grupo de países. Os dados são revista “The Economist”. De maneira geral, a remuneração do capital está relacionada com o ritmo do aumento dos preços.
País |
Inflação (12 meses) |
Juros (3 meses) |
Brasil |
6,5 |
10,8 |
Rússia |
7,6 |
9,8 |
Turquia |
9,5 |
9,5 |
Índia |
7,8 |
8,6 |
Indonésia |
4,0 |
8,1 |
África do Sul |
6,4 |
6,1 |
Colômbia |
3,0 |
4,2 |
México |
4,1 |
3,3 |
O Brasil tem juros de um ponto percentual acima do segundo colocado da lista, a Rússia. Mas a inflação é três pontos percentuais menor do que a da Turquia, a maior do grupo.
A tabela não inclui países que enfrentam graves conflitos ou estão com a economia muito desorganizada, tais como Ucrânia, Egito, Argentina e Venezuela.
Conforme apontou o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central (BC), existe uma desigualdade na concessão de crédito no Brasil. A taxa básica de 11% ao ano triplica para aqueles que não tem acesso ao crédito subsidiado.
O custo médio do crédito com recursos livres é de pesados 32% ao ano. Mas quem consegue empréstimos por meio da modalidade de recursos direcionados, paga apenas 8% ao ano em média. Uma barganha inferior à Selic.
A insatisfação dos eleitores de renda mais elevada com o governo da presidente Dilma pode ser um indício de que existem mais pessoas tomando crédito com recursos livres do que com acesso ao crédito subsidiado.
A pista vem de dois indicadores do BC. O volume de crédito livre é maior do que o montante de crédito subsidiado e o crescimento anual do estoque de crédito concedido para as pequenas e médias empresas é menor do que o das pessoas jurídicas de grande porte.
O custo médio de todos os empréstimos é de aproximadamente 20% ao ano. As evidências do atual mecanismo são de que o crédito subsidiado para poucos encarece o crédito livre para muitos. E força o país a praticar juros mais elevados.
Para os investidores, títulos representativos dos empréstimos livres podem ser uma opção de aplicação, desde que o risco de inadimplência seja aceitável.