Perdas recordes com títulos públicos

Apesar de o governo central ter gasto R$ 186 bilhões com juros da dívida em 2013, o prejuízo total dos aplicadores que investiram em títulos públicos foi de R$ 27 bilhões no ano passado.

A causa dessa destruição de valor sem precedentes foi a queda do valor de mercado dos papéis emitidos pelo Tesouro, devido às turbulências no mercado de juros. Em 2014, as perdas com os títulos públicos continuam e já chegam a R$ 15 bilhões.

O gráfico abaixo mostra a evolução dos juros nominais pagos pelo governo federal e Banco Central (BC) e o rendimento total acumulado dos títulos federais que fazem parte da carteira do Índice de Mercado Aberto da Anbima (IMA), de janeiro a dezembro do ano passado.

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As despesas com juros do governo central, ilustradas pela linha azul do gráfico,  cresceram em ritmo aproximadamente constante. A maior parcela de gastos com esse item são os juros sobre o estoque da dívida pública mobiliária federal no mercado, que atingiu R$ 2 trilhões em dezembro de 2013.

O BC é responsável pelos gastos com as operações compromissadas com títulos públicos e recebe os rendimentos referentes à remuneração das reservas internacionais e dos papéis do Tesouro que carrega na carteira.

A linha vermelha do gráfico mostra a evolução do rendimento total dos títulos públicos em mercado, considerando os juros e o ganho de capital. De abril a junho, o período que marcou o início das turbulências, as perdas acumuladas foram de R$ 64 bilhões.

Para os investidores, o ganho com os títulos públicos depende tanto dos juros recebidos como do valor de mercado dos papéis. Quanto maior o prazo do título, maior é a variação da cotação.

Mesmo que a intenção do investidor seja levar o título até o vencimento, o valor de mercado é um indicador importante para avaliar o desempenho da aplicação. Perdas de capital, mesmo que momentâneas, podem causar desconforto e levar a uma mudança no perfil dos investimentos.

O desafio dos investidores em títulos públicos nesse ano é reavaliar a carteira considerando os objetivos da aplicação. E manter em perspectiva que o valor dos juros pagos pelo governo acabará sendo embolsado em algum momento.

6 pensamentos sobre “Perdas recordes com títulos públicos

  1. O artigo é deseducativo e prejudicial à formação dos investidores !
    Ao mencionar “destruição de valores” o artigo dá a entender que os investidores detentores de títulos do Tesouro Direto perderam dinheiro. Essa percepção pode induzi-los a vender seus títulos nesse momento de baixa DEVIDO À MARCAÇÃO A MERCADO. Quem comprou NTN-B pagando entre 4,0 e 6,0% ao ano ACIMA DO IPCA NÃO PERDEU NADA !! Não teve nenhum valor “destruído”. Quem ficar com os títulos até o vencimento vai receber entre entre 4,0 e 6,0% ao ano ACIMA DO IPCA, como estava combinado no momento da compra.

    Quem comprar NTN-B agora vai receber 7,0% ao ano ACIMA DO IPCA até 2035 ou 2050. Pode ser que suba mais, até 8,0% ao ano ACIMA do IPCA, mas em todos os casos, o ganho é sempre REAL, acima da inflação.

    • Muito bem coloca! Da forma exemplificada pelo Sr. “Agosto” dá a nítida impressão de perdas significativas neste segmento de aplicações e realmente não é o que ocorre principalmente se o investidor “carregar” o Título até o vencimento estipulado. Caso venha a venê-lo antes do período acordado pode haver uma diferença para maior ou menor do valor estipulado. Mas com sangue frio e comprando num período de alta nas taxas de juros, como neste momento (provavelmente até o final do ano) e vendendo o Título (NTN-B) na queda das taxas de juros (provável período de Fev/2015 até quem sabe 2016 ..2017) os ganhos podem ser muito bons. É só acompanhar.
      Roberto Almeida, Engenheiro de FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A.

    • Para mim, se comprei por 100 e hoje vale 80 significa que estou no prejuízo, mesmo que receba o valor acordado no final.

      E, mesmo considerando receber no vencimento a taxa acordada, saber q poderia ter ganho mais e não o fiz é o mesmo que perder.

      Agora, sim, não recomendo ninguém a se desfazer do título se a compra foi feita de forma adequada a sua estratégia. Se vence em 2030 e alguma coisa, lembre-se que uma hora a maré inverte.

      http://www.ricodinheiro.com.br

  2. Prezado Marcelo Luz: o desencontro entre o valor de mercado e renda gerada leva á iliquidez do ínvestimento, gerando desconforto. Além disso, dependendo do tipo de Governo que gerencia a dívida do Estado, a falta de confiança pode adicionar muito desconforto. Não é demais lembrar que, em junho de 2002, um congresso do PT decidiu incluir uma Moratória Soberana da Dívida Interna, em seu eventual programa de governo.

    • Olá Bernando,
      Invisto em Tesouro Direto desde 2005, sempre em NTN (antes C, agora B). Considero péssima a atuação do Governo Dilma na área econômica ( e em quase todas as outras…). Observei a “valorização” dos papéis do Tesouro Direto enquanto a SELIC caia até 7,5% ao ano, e agora já “perdi” uns 20% do meu patrimônio nesses papéis, enquanto a SELIC subia até mais de 10% aa. Portanto, sinto na pele esse desconforto (contábil) que você mencionou. Contudo, como nunca vendi nenhum desses títulos (nem na alta, nem na baixa) e pretendo carregá-los até o vencimento, venho recebendo os GANHOS REAIS semestralmente. Critiquei o artigo pelo risco de induzir investidores novatos a venderem seus papéis “na baixa”, e aí sim, realizarem o prejuízo.
      Um abraço, Marcelo Luz

  3. Muito interessante as osbservações do Marcelo! Invisto no tesouro apesar de não ser economista, e a unica certeza que tenho é o ganho REAL acima do IPCA na data de vencimento… o resto é blá blá blá que interessa a poucos!

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