Dívida cara para o Tesouro e retorno negativo para o investidor

Em 2013, o custo médio da dívida pública mobiliária federal, bancado pelo Tesouro Nacional, foi de 10,76%. Já o investidor que comprou os títulos do governo teve rendimento negativo, de -1,42%.

Essa diferença demonstra que alguma coisa deu errado com a estratégia de gestão da dívida pública nos últimos tempos.

O custo do Tesouro é o rendimento pago pela remuneração dos papéis públicos federais. O ganho do investidor, por sua vez, é formado pela combinação entre o rendimento do título e o ganho ou perda de capital decorrente da valorização ou desvalorização dos ativos no mercado secundário.

Entre 2005 e 2011, as diferenças entre o custo do Tesouro e o retorno do investidor oscilavam em uma faixa relativamente estreita, conforme ilustra o gráfico abaixo.

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Em 2007, o pior ano para os investidores em termos de ganhos nominais, o retorno, medido pelo Índice do Mercado Aberto Geral, foi de 12,63%. O custo da dívida pública, de acordo com os relatórios do Tesouro Nacional, atingiu 12,88%. A diferença foi de -0,25 pontos percentuais.

Em 2005 os investidores tinham ganho 18,19% e o custo do Tesouro havia sido de 16,96%, uma diferença de 1,23 pontos percentuais. Até 2012, a maior diferença positiva tinha sido de 2,71 pontos percentuais, em 2006. A maior diferença negativa, de -0,87 pontos percentuais, tinha ocorrido em 2008.

Num cenário financeiro equilibrado, a diferença entre o custo de captação do Tesouro e retorno do investidor não é grande. As distorções recentes podem sinalizar problemas na condução da política de administração da dívida pública.

Para os investidores, é importante equilibrar a carteira e acompanhar as decisões das autoridaes encarregadas da gestão da dívida pública, para evitar futuros prejuízos.

3 pensamentos sobre “Dívida cara para o Tesouro e retorno negativo para o investidor

  1. Parabéns pela reportagem, além, da sua extrema “cautela” na análise da gravidade do problema. Valdir Alencar – Salvador BA

  2. Finalmente alguém com coragem suficiente para apontar o “fenõmeno”, que não é nada mais nada menos do que um calotezinho do Governo, com viés de se tornar um grande calote.
    Espere até que os japonese se dêem conta e comecem a retirar …
    Parabéns.

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