Nos últimos quatro anos os brasileiros investiram US$ 20 bilhões em ações de companhias estrangeiras e títulos de renda fixa negociados no mercado internacional. O saldo está registrado no Balanço de Pagamentos, documento que contabiliza as transações do Brasil com o resto do mundo, divulgado pelo Banco Central (BC).
Outro indicador que aponta para a tendência de internacionalização das aplicações é encontrado na declaração anual de capitais brasileiros no exterior, também sob a responsabilidade do BC. São informações obrigatórias prestadas pelos residentes no Brasil que possuam mais de US$ 100 mil aplicados fora do país.
Os últimos dados disponíveis indicam que o total do estoque de capitais brasileiros no exterior, incluindo aplicações financeiras, participações em empresas, imóveis e outros ativos, saiu de US$ 280 bilhões em 2011 para US$ 392 bilhões em 2013. O crescimento foi de 40% em dois anos.
Diversos fatores justificam o maior interesse dos brasileiros por alternativas no exterior. O mais importante, relacionado com a evolução recente da política macroeconômica, foi a combinação de redução dos juros e desvalorização do real verificada ao longo do governo Dilma.
Nos últimos 36 meses encerrados em fevereiro de 2015, a variação média anual do CDI, o principal parâmetro para comparar a rentabilidade das aplicações de renda fixa, foi de 9,72%. O dólar, por sua vez, subiu em média 14,73% ao ano em relação ao real no mesmo período.
O efeito desse cenário, do ponto de vista financeiro, foi o aumento da competitividade das aplicações fora do país. Usar os reais disponíveis no Brasil para comprar dólares e investir no exterior passou a proporcionar excelentes resultados.
Outro aspecto positivo para a estratégia de investimentos “offshore” foi a acentuada recuperação do valor das empresas negociadas nas bolsas mundiais, em especial nos EUA.
O índice S&P 500, que mede o comportamento das ações das maiores companhias americanas, por exemplo, subiu o equivalente a 14,64% ao ano nos últimos três anos. Em contrapartida, o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, caiu 6,46% ao ano, na média, no mesmo intervalo.
Muitos gestores de fundos de investimento no Brasil aproveitaram a oportunidade para ajustar as carteiras, buscando as opções mais rentáveis. É possível constatar que, em boa parte dos fundos com melhor desempenho, a parcela dos recursos aplicada no exterior aumentou.
Além disso, novos produtos foram criados com o objetivo de melhorar o acesso do investidor local ao mercado internacional. A modernização da legislação brasileira possibilitou que os investimentos fora do país passassem a ficar mais seguros, com o aumento da transparência para os aplicadores.
Como consequência, até os grandes fundos de pensão, tradicionalmente mais conservadores nas decisões, passaram a analisar ativamente as oportunidades no mercado internacional.
A tendência para os próximos anos é de crescimento da participação dos ativos estrangeiros no portfólio dos investidores brasileiros. Diversificação, segurança e instrumentos financeiros eficientes estarão no foco dos investidores.
O mercado de investimentos “offshore” para brasileiros parece caminhar para um duradouro ciclo de alta.