A esperança do mercado financeiro é que a presidente Dilma acate as sugestões e nomeie um ministro da Fazenda comprometido em seguir uma determinada cartilha. Idealmente, a missão seria controlar as contas públicas e manter o grau de investimento do país, conforme os critérios das agências de “rating”.
É uma aposta arriscada. Como as demandas sociais são maiores do que a oferta de recursos, a tendência é de que o restante do governo fique sempre contrário às determinações da Fazenda. Para administrar os conflitos, o novo ministro precisaria ter superpoderes.
Um importante teste sobre a disposição do governo para enfrentar os problemas ocorrerá na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) desta semana.
Os integrantes do Copom possuem dados mostrando que a economia brasileira não vai bem. Existe excesso de recursos investidos no curto prazo e incertezas a respeito do equilíbrio entre o ritmo do crescimento do consumo e a capacidade de aumento da oferta de produtos e serviços.
O ambiente justificaria, ao menos, uma discussão sobre a conveniência de subir os juros para debelar a ameaça do aumento ainda maior da inflação. Especialmente considerando as atuais incertezas na condução da política econômica.
A despeito da decisão final sobre o patamar da taxa Selic, seria importante conhecer a opinião dos membros do Copom sobre a perspectiva da economia. A percepção de independência do BC em relação ao governo sairia fortalecida.
Na atual circunstância, a solução para preencher o Ministério da Fazenda parece ser desenvolver uma espécie de robô, insensível aos argumentos das demais áreas do governo. Seria programado apenas para equilibrar o orçamento.
Ou voltar atrás e manter no cargo o ministro Mantega, que possui um histórico comprovado de jogo de cintura e flexibilidade para enfrentar situações difíceis.