Em busca da consistência do desempenho

De 248 fundos de ações criados até 2013, com patrimônio atual acima de R$ 10 milhões e mais de 50 cotistas, apenas 14 conseguiram superar o Ibovespa nos anos de 2014, 2015 e no intervalo de dez meses entre janeiro e outubro de 2016. Destes, dez são carteiras administradas por grandes bancos de varejo e quatro estão sob a responsabilidade de gestores independentes. Os dados são da Morningstar.

Após um período conturbado, quando as grandes empresas estatais foram usadas para atingir objetivos políticos variados, o mercado acionário brasileiro passou a dar sinais de recuperação. As ações de Petrobras e Banco do Brasil estão entre as que registram maiores altas neste ano, após acumularem perdas elevadas em 2015.

A tendência, a partir de agora, é que volte a existir uma certa sintonia de movimentos entre o desempenho dos papéis das principais companhias brasileiras. A dispersão exagerada de rentabilidade que assistimos nos últimos anos parece que vai ficar para trás.

Esse fato tende a ocorrer mesmo considerando que variações acentuadas do retorno das ações de empresas específicas entre um ano e outro são eventos relativamente comuns. Diversos fatores específicos podem afetar a lucratividade de determinado empreendimento.

Disputas societárias, desenvolvimento de novos produtos, obtenção de licenças de comercialização, estabelecimento de novas estratégias de produção e aparecimento de concorrentes mais eficientes são exemplos de fatores que podem afetar o resultado final de uma companhia. E que causam impacto na cotação de seus títulos em bolsa.

No entanto, para o conjunto de empresas com maior representatividade em relação à economia do país, o fator mais relevante tende a ser o ambiente macroeconômico.

O Ibovespa é principal indicador que busca medir essas condições de mercado. A construção do índice atribui pesos maiores às empresas mais valiosas. E companhias com essa característica tendem a ser, também, as mais representativas da economia do país.

Dessa forma, a maneira tradicional para investir na bolsa é montar uma carteira de ações que tenha por objetivo acompanhar o Ibovespa. Diversos fundos com essa característica estão à disposição dos investidores.

O problema é que, assim como os fundos DI mais acessíveis, os fundos de ações indexados tendem a cobrar taxas de administração elevadas. O custo afeta negativamente a rentabilidade final do investidor. Também nesse caso a pesquisa e comparação de ofertas são fundamentais.

Uma alternativa são os ETFs, fundos de ações indexados com cotas negociadas em bolsa. Isso porque a taxa de administração do ETF é mais baixa do que a dos fundos de investimento tradicionais.

Mas é preciso ter cuidado e computar os custos de transação. Essas despesas englobam, principalmente, as taxas de corretagem e custódia.

Em outro extremo, a alternativa do investidor é escolher um fundo de ações da categoria livre. Nessa modalidade, como o nome indica, o gestor tem a liberdade para escolher qualquer composição para a carteira, mirando um ajuste ideal entre rentabilidade superior ao Ibovespa e risco mais baixo.

Todavia, como os números indicam, a tarefa dos administradores de fundos livres é difícil. Mesmo que o investidor tolere um pouco mais de risco e aceite ampliar os prazos de análise para avaliação de desempenho.

Refazendo as contas e considerando o intervalo completo entre janeiro de 2014 e outubro de 2016, encontramos 96 fundos, do total de 248 da amostra, que conseguiram superar o Ibovespa no período.

Na maior parte das vezes, a justificativa para o desempenho positivo foram os ganhos acumulados nas épocas de baixa da bolsa. Uma gestão mais defensiva acabou formando uma reserva de lucros acumulados que compensou a recuperação do mercado neste ano.

SinaisRecuperacao

Outra possibilidade para o investidor é pesquisar fundos que tenham por estratégia a combinação de gestão ativa com avaliações quantitativas da composição da carteira. A vantagem é o aumento da segurança em relação ao desempenho futuro.

Ideias de investimento originadas por uma equipe de gestores podem ocasionar aumento excessivo do risco. Fundos com algum controle estatístico das posições assumidas têm a vantagem de impor um freio ao ímpeto dos gestores e, como consequência, serem um pouco mais previsíveis.

No atual ambiente de recuperação do mercado, ainda carregado de incertezas, é fundamental estabelecer as estratégias de investimento. E buscar alternativas que ofereçam consistência no longo prazo.

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